Like The Renegades!

maio 31, 2012

Sê a mudança que procuras nos outros.



É muito fácil apontar o dedo, indicar todos e quaisquer defeitos na outra pessoa, excluí-la. É muito fácil pôr de parte quem não nos agrada, definir personalidades com base em defeitos notórios, apagar atitudes positivas e denegri-las. É muito simples. Chegar e desatar a crucificar os outros por erros passados ou falhas apresentadas. É muito fácil criticar a torto e a direito, sem saber a história, sem conhecer o tempo, sem decifrar os porquês. É algo que está ao alcance de qualquer um, na verdade...
Por outro lado, difícil mesmo é fazer melhor. É criar um exemplo e não uma opinião. É substituir afirmações e criticas por atitudes melhores. É fazer mais e melhor, criar um caminho sólido e não um trilho fraco. Isso sim, é árduo, requer convicção, empenho, mas acima de tudo, brio.
É fácil exigir dos outros uma mudança benéfica para nós. Exigir algo que só a nós irá agradar. Apontar o dedo e tecer criticas porque este ou aquele mudou, porque não são mais os mesmos, ou porque não são quem nós desejamos. Só me pergunto... Será que a mudança ocorreu ou terá de ocorrer apenas nos outros? Quem somos nós para julgar ou para definir atitudes alheias? Somos humanos. Temos defeitos. Mudamos. Erramos. Cometemos falhas e somos submetidos a julgamentos carregados de injustiça, preenchidos pelo ódio dos demais. E que direito nos dá isso para repetirmos tamanha estupidez apontando o dedo aos nossos semelhantes? Criando regras, instituindo leis, definindo padrões?  Porquê cobrar aos outros aquilo que nós próprios não fazemos? Porquê exigir dos demais que mudem em função de nós? 
A chave para mudar o Mundo é começar em nós mesmos. Criar exemplos e não opiniões. Atitudes e não padrões superficiais. A chave para mudar o Mundo, começa em nós e não nos outros, porque o que de nós vem, só nós controlamos e o que dos outros sai, só eles podem domar.

Bree Emma Sommers, 
Thursday's Renegade :)

maio 30, 2012

Diz a alguém que a amas hoje


Que amanhã pode ser tarde demais. Hoje estamos cá, amanhã não sabemos. Hoje estamos bem, amanhã podemos estar mal sem motivo aparente. As pessoas que nos rodeiam hoje e se importam connosco, irão afastar-se, se não demonstrarmos o carinho/amor que sentimos por elas. E aí vamos olhar para trás e pensar: O que correu mal? Não vale a pena pensarmos no que vai acontecer. Temos de dar valor para não perder. Demonstrar às pessoas o quanto queremos estar com elas, embora por vezes não possamos. Exprimir os sentimentos, porque assim como nós, elas não são perfeitas. Temos de aprender a tratar as pessoas que amamos, como queremos ser amados. Por isso, diz a alguém o que sentes hoje. Partilha amor e felicidade, porque de ódio o Mundo já está cheio. Abraça, sorri, ri-te, ama sem arrependimentos. Hoje foi um erro, amanhã foi uma lição. Não deixes de viver por ninguém, porque depois acabarás mal. Vive como se fosse o teu último dia, aproveitando cada segundo.
A vossa Renegada às Quartas-feiras a aprender a viver.
RuthPacheco

maio 29, 2012

O Mundo dos Sonhos

Eu tenho medo dos meus sonhos. Nunca fui pessoa de ter sonhos agradáveis. Desde tenra idade que me lembro de acordar aos gritos com os olhos húmidos por ter sonhado com monstros que a minha mente idealizava, por cair num buraco fundo que parecia não ter fim, por me deparar com serpentes que me circundavam sem cessar como se fosse um ciclo vicioso. Porém, com a idade fui perdendo o medo e até a superstição. Continuo a sonhar com serpentes, com alguém a perseguir-me e eu a tentar correr que nem uma desalmada e com o peito a bater exarcebadamente, mas sem existir atrito suficiente para me mover... Continuo a sonhar com pessoas que gosto a desaparecerem da minha vida, até com a minha própria imagem num caixão. É frequente sonhar com estas coisas, pelo que para mim já nem são pesadelos. Tornaram-se um hábito que já nem ligo e nem quero saber o que eles significam, até porque acredito que a minha mente traiçoeira e deveras imaginativa seja bem capaz de recalcar algo e depois esse conteúdo subir, ainda que de uma forma disfarçada, à consciência. 
Não obstante, continuo a achar o mundo dos sonhos encantador por muito que me assuste por vezes. Vou confidenciar algo que é das coisas que mais me assusta e eu sei o que pode querer dizer: Esporadicamente sonho com uma situação de perigo onde eu estou envolvida. Talvez um cenário de guerra. Não sei. Ouço tiros a serem disparados ao Deus de Ará, vozes, gritos de todos os cantos e recantos. Quero fugir dali ou encontrar algo com que me defender. Porém, nada encontro até que alguém me agarra e me obriga a descer por uma corda como se estivéssemos a fazer rapel. Desço sempre de olhos fechados, agarrada a alguém até que "sinto" os pés pousarem-se-me no chão. As cordas soltam-se dos corpos e abro os olhos. Vejo alguém à minha frente que não se vira para mim. Sei que é um homem. Alto, sempre de camisola cinzenta e um colete preto, cabelos negros e curtos. De todas as vezes tento agradecer-lhe por me ter salvo e de todas as vezes que tento saber quem é, acordo sobressaltada. Isto não é fictício. Sonho com isto muitas vezes e por muito que mude o cenário, que não seja perto de casa mas seja uma situação onde esteja em perigo, aparece lá o senhor que eu nunca consigo ver com o colete negro, t-shirt cinzenta e de costas voltadas para mim. Eu questiono-me: como ando eu a sonhar com estas coisas. Consigo perceber certas partes, nomeadamente a como sonho com essas situações de perigo, mas por quê aquela pessoa que provavelmente não conheço? Eu gosto do mundo dos sonhos e o que mais gosto é mesmo de sonhar e levantar-me no dia seguinte e rir-me do que sonhei. Porém, este é daqueles sonhos que não percebo e duvido que um dia venha a entender.

Hayley Logan, a Renegada das Terças
que vos deseja um ótimo dia

maio 28, 2012

O Regresso

"A porta abriu-se e ele saltou do sofá impelindo por uma força que desconhecia:
- Por onde andaste este tempo todo? - perguntou inquieto, com o coração descompassado e os sentimentos confusos. Um tímido sorriso foi ao encontro do seu olhar e o medo desvaneceu.
Ela voltara, mesmo tendo dito que não o faria. Voltara para o conforto dos seus braços e nada, nem ninguem, a tiraria de lá.
Abraçou-a e sem conseguir evitar, a sua mente viajou até àquele dia:
"-Vou-me embora. O meu lugar já não é aqui.
- Não vás. Pelo menos sem me dizeres o porquê.
- É melhor não saberes.
- Porquê? Eu quero remediar os problemas.
- Lamento mas já fizeste demais. Adeus"
Ela saíra pela porta fora, e permanecera ausente durante o que lhe parecera anos. Mas ali estava, sorrindo, abraçada a ele. Ainda com o coração apertado da ausência dela, tentou absorver o seu cheiro, sentir o macio da sua pele, mas algo o impedia de se sentir completo. Era como se parte dela não estivesse lá. Pareceu-lhe menos real que ao inicio quando ouvira a porta abrir, fazendo aquele chiar tão típico. Largou-a e quando esperava ouvir a voz dela, acordou. Ainda sem abrir os olhos lançou a sua mão para o lado direito da cama e o vazio tocou-lhe nos dedos. Ela não tinha estado lá. Ainda não tinha chegado o dia do regresso.

Frustrado, levou as mãos à cara e escondeu-se. Estava a ser estúpido! Ela foi e não vai voltar. "Ela abandonou-te, mete isso na cabeça." - Puxou as mantas, aconchegou-se pois um frio atravessou-lhe o coração e decidiu voltar a adormecer pois ainda nem a metade da noite ia. Rebolou na cama, bufou e pregou pragas à mulher que se foi embora com o seu coração. Decidiu levantar-se. Já sabia o que fazer. Dirigiu-se à cozinha, tirou um copo do armário, encheu-o de leite e colocou-o no microondas. Sentou-se frente a este e ficou a observar o copo a rodar irrevogavelmente até que ouviu o 'plim' característico que o dava como pronto. Com o copo na mão, preparava-se para se dirigir para a sala quando é barrado por um corpo humano.
O copo caí instantaneamente. Os vidros espalham-se entre o espaço vazio que os separava e Tomás não reage ao que se apresentava aos seus olhos. Sofia começou a reclamar com os estragos e pelo meio, escapava  um pedido de desculpas. Ali entre a porta da cozinha e da sala, Tomás com um braço afastou Sofia que agora refilava sobre o quão caro eram os sapatos e dirigiu-se para o quarto. Mecanicamente, Tomás foi seguido pela Sofia. Ela, já farta da atitude dele gritou o seu nome. Tomás, virou-se e apenas disse: 
- Acabei de sonhar contigo e agora estás aqui. Hoje dormes no sofá. Agora deixa-me pôr as ideias no lugar.
Sofia ficou boquiaberta e ainda tentou reclamar mas Tomás fechou-lhe a porta na cara não lhe dando oportunidade de ripostar. Irrevogavelmente, dirigiu-se para o sofá e assim que se sentiu quente e aconchegada, adormeceu. Enquanto isto, Tomás deitado na cama, fechava os olhos, esperava uns minutos, de seguida, abria os olhos e dirigia-se à porta para espreitar para o buraco da fechadura e ali estava o corpo dela, ali estava o amor da sua vida, deitado no sofá. Observava o seu peito a subir e a descer, o que significava que respirava, Sofia estava bem viva e dormitava no seu sofá. Tomás bufava e confuso voltava à cama e repetia o mesmo processo de fechar os olhos, abri-los e de seguida, observá-la pela fechadura e em todas as vezes que repetia o processo chegava sempre à mesma conclusão: Sofia tinha voltado.
Eram 8 da manhã, quando Tomás se levantou. Abriu a porta do quarto, dirigiu-se para a casa de banho mas para efectuar tal trajecto tinha que atravessar a sala de estar. Tentou não olhar o sofá mas foi mais forte que ele. E como sempre, ele estava vazio. Confuso e pensando que estaria a enlouquecer, começou a murmurar sozinho:
- Tu precisas é de sair de casa, Tom. Tom, não. Tomás! A Sofia é que te apelidava de Tom. Perde esse hábito. Ela não está, como vês o sofá está vazio. Lava a cara, faz as tuas necessidades, lava as mãos e vai tomar o pequeno-almoço.
Agora, dirigindo-se para a cozinha e ainda ensonado, pisou algo húmido e sentiu de seguida de uma dor. Fixou o chão. O seu sangue misturava-se agora com o leite derramado. Farto do que se passava à sua volta, virou costas àquele cenário e foi para o quarto. Cobriu-se com o edredão esperou que tudo passasse sem que ele mexesse um dedo!
Enquanto Tomás travava uma luta consigo mesmo, Sofia acordou com os primeiros raios de sol que atravessaram a janela, decidiu espreitar pelo buraco da fechadura da porta do quarto do ex-namorado, suspirou e sorriu. Decidiu fazer-lhe o pequeno almoço e sabendo como ele é, não teria nada no frigorífico por isso dirigiu-se de imediato à mercearia que ficava ao fim da rua.
Entrou na mercearia com um sorriso de orelha a orelha, confiante de que quando chegasse a casa, Tomás a receberia de braços abertos e pronto a perdoá-la. A D.Clementina assim que viu Sofia a entrar pela sua porta, dirigiu-se a ela clamando:
- Sofia, minha querida. Há quanto tempo! - abraçando-a e dando-lhe um beijo em cada bochecha redonda.
- D.Clementina, como está?- retribuindo-lhe os beijinhos.
- Estou muito bem, minha filha. Agora conta-me, conta-me porque razão saíste daqui do bairro? Porque deixaste o Tomás? Desde que saíste daqui que ele está de rastos, vêm aqui à mercearia de pijama, todo mal cheiroso, compra cervejas e só porcarias. O Sr.João, dono do video-clube comentou comigo que ele só aluga filmes para chorar. Vêm aqui com o seu olhar triste e coração partido. Sofia? Estás a ouvir-me?
Sofia ao ouvir o discurso da senhora, o seu pequeno coração apertou-se, sentiu-se mal pelo sofrimento que causou a Tom.
- D.Clementina, eu voltei para remediar tudo. Agora, pode ajudar-me a escolher a melhor fruta, o melhor leite, o melhor pão e o melhor doce de tomate para fazer o melhor pequeno-almoço para o Tomás?
- Oh minha querida, não te preocupes. Vamos lá então!
Da mesma maneira em que a senhora tirou o humor a Sofia, lhe restabeleceu a esperança de que Tomás a iria perdoar quando ela lhe explicasse as suas razões ... depois claro de tomar aquele pequeno-almoço divino. Um Homem pensa melhor com a barriga aconchegada.
Com a carteira mais vazia mas de coração cheio de esperança, Sofia voltou a subir a rua com dois sacos pesados, um de cada lado e até chegar ao apartamento, viu pessoas que perdeu de vista por quase um ano e pensado melhor faz exactamente, um ano que saiu de malas feitas rumo a Paris. Já frente à porta, pousou os sacos e tirou as chaves da mala. Abriu a porta e de sacos já na mão, empurrou a porta com o pé. Deu poucos passos até ver um rasto de sangue que daria ao quarto de Tomás. Pousou os sacos em cima da mesa da sala e entrou de rompante no quarto do Tomás:
- Tomás, Tomás! O que se passa? Tomás!!
- És mesmo tu ou estarei maluco? - replicou, virando-se de barriga para cima para poder deslumbrar a sua presença física.
Sofia, avançando para poder se sentar na cama - Sim, sou eu, Tom.
- Fica onde estás, Sofia. Porque razão estás aqui?
- Vim fazer-te o pequeno-almoço, meu tonto.
- Não preciso que me alimentem. Eu faço-o sozinho. Onde andaste este tempo todo? Aí não te preocupaste em fazer-me o pequeno-almoço! Em acordar-me todas as manhãs com café quente acabado de fazer, com o som da torradeira e até mesmo com o som da tampa do frasco do doce de tomate. Onde andaste tu, amor da minha vida?
- Estive em Paris. - murmurou, Sofia com medo da sua reacção.
- Era a nossa viagem, lembras-te?
- Sim, eu sei mas eu tive que ir sem ti.
- Porquê, Sofia? Porquê?
- Isso não interessa! Interessa é que voltei, meu amor. Voltei para te fazer o pequeno-almoço para o resto da tua vida. Eu tenho certezas, agora estou pronta para nós.
- Pois mas eu se calhar não estou. Um ano é muito tempo. Não posso mentir mas posso afastar a pessoa que me faz sofrer. Não tens noção de quantas noites fiquei acordado, esperando-te. Não tens noção de quantas vezes fazia as refeições a contar contigo e até punha a mesa a contar contigo. Foi um ano em que estiveste fora... Partiste o meu coração. Mereces que parta o teu!
- Não sejas tão duro.
Tomás assim que ouviu o descaramento de Sofia, levantou-se de uma só vez e dirigiu-se a passos largos na sua direcção, obrigando-a a recuar até se encostar ao armário. Respirando devagar, esperou uma reacção por parte de Tomás e Ele apenas a olhava confuso, franzindo a testa até que as palavras lhe saíram:
- Sabes que ... que, magoaste, não sabes?
- Calculo, Tom mas voltei par
- Cala-te! - clamou - Não voltes a usar esse nome. Por favor, doí tanto!
- Mas eu estou aqui agora.
- Sim, eu sei mas eu também te queria aqui durante o ano que passou. Aquele em que desapareceste sem uma única explicação.
- Por favor, pará de bater nessa tecla! Não nos leva a lado nenhum!
- A meu ver, leva. Eu quero uma explicação antes de que perca a cabeça e acabe por me render ao teu cheiro, à tua pele que está mais luminosa do que nunca, aos teus lábios que parece que gritam por mim. Estou a tentar resistir-te porque além de te amar ainda quero saber se ainda me amas, as tuas razões e o principal: ver se estás a mentir.
Sofia aproximou-se dele, ficando à distancia de um nariz dos lábios dele. Tomás, instantaneamente, recuou e pediu-lhe para que saísse pois não tinha mais nada a dizer-lhe.
- Tomás, queres provas?
- Sim, Sofia. Eu quero provas irrefutáveis.
- Irás ter mas para isso tens que estar disposto a um banho, retocar essa barba desajeitada, vestir-te e também a aproveitar um dia de sol. Dá-me esta oportunidade, Tom. Só te peço isto! Dá-me esta oportunidade de te mostrar que continuo apaixonada por ti.
- Ok, Sofia. Agora, dá-me uma hora - rosnou, virando-lhe as costas e dirigindo-se para a casa de banho para um longo banho de imersão.
Sofia, radiante dirigiu-se para a cozinha, limpou os estragos que o copo de leite provocou e pegou nos sacos para preparar o pequeno-almoço. Preparou tudo numa travessa e decidiu não esperar a tal hora que Tomás lhe tinha pedido. Decidiu agarrar na travessa e entrar pé ante pé no quarto dele, encontrou as suas roupas em cima da cama e ouviu água a mexer na casa de banho. Nem bateu à porta:
- Hey meu amor, como já estava pronto decidi não esperar.
- Não posso respirar um pouco, Sofia?
- Pronto, ficas aqui com isto e eu vou-me embora.
- Não! Fica aqui comigo.
- A sério?
- Sim. Podes começar a contar-me tudo, S.
- Mas não há nada par..
- Creio que sim, S. - interrompeu Tom. Ele procurava explicações e ela não iria fugir com o cu à seringa.
Sofia, sentou-se na sanita, aclarou a voz e demorou a começar a discursar mas uns minutos a observar Tom, fê-la ganhar coragem pois ele merecia uma explicação:
- Eu acordei e não fazia sentido continuar ali contigo. Decidi ir porque Paris nunca foi nosso. Já era meu e eu tinha que lá ir sem ti, deixar-te seguir a tua vida. Acordei, olhei para ti e vi que não me merecias, que não te merecia pois és demasiado bom para mim. Demasiado real e tive medo. Simplesmente, fugi e entretanto fiz vida lá, arranjei um emprego, subi na empresa e agora que estou concretizada profissionalmente, senti um vazio. Decidi voltar mas ver-te assim partiu-me o coração. Como o copo de leite.
- Tal e qual... Eu caí e parti-me. Estou a juntar os meus pedaços e agora é que voltas? Foste egoísta! Então, quando voltas para Paris?
- Pois. Terei que voltar. Será demais pedir para voltares comigo?
Tom imergiu de repente, sem pré-aviso. Sofia, em pânico levantou-se de um salto e tentou puxá-lo para cima, chamando-o ininterruptamente. Tomás puxou-a contra ele. Os dois mergulharam na água quente com espuma a dificultar a visão para o fundo da banheira. Sofia, em pânico emergiu:
- Estás parvo ou quê?
Tom vendo a sua Sofia, a cara que ela fazia quando ele fazia asneira, o cabelo a escorrer água, a roupa molhada e colada ao corpo que mostrava os seus mamilos salientes e os lábios húmidos, teve um flash rápido de momentos que passaram e aquela cena não lhe era estranha e como tal, ele sabia o fim daquele momento ... Sem hesitar, puxou-a para si e envolveu-a com os seus lábios e instantaneamente a sua mente viajou para aqueles dias de solidão, para aqueles dia de coração partido, mente desarrumada e sem amor-próprio. Aquele beijo não lhe soube a nada. Não lhe aqueceu o coração como já aqueceu em tempos, não lhe deu vontade de sorrir como dantes. Foi um beijo sem sentimentos, um beijo sem borboletas no estômago, apenas um beijo. Afastando-a disse-lhe:
- Desculpa, Sofia.
Tom olhou Sofia e viu o seu sorriso, sentiu o coração dela a bater no seu peito descompassadamente e viu que ela ainda o amava mas infelizmente, ele já não a amava. Ele estava curado.
- Desculpa pelo quê, amor? - disse, Sofia com o coração cheio de esperança.
- Estou curado, Sofia. Não senti nada! Não precisas de justificar-te, eu já não te amo.
- Mas podes voltar a amar-me, já o fizeste uma vez Tom - reclamou Sofia, aterrorizada.
- Sim, eu amei-te mas magoaste-me! Não acreditaste no sentimento que tinha por ti, não acreditaste no quanto eu te amava e agora vieste tarde demais. Seca-te e sabes onde é a porta de saída, presumo.
- Mas, não posso desistir assim!
- Podes sim! Tal e qual como desististe à um ano atrás. Enche os pulmões de coragem e fá-lo de novo! E agora já não te amo, não tens razões para ficar por isso vai-te embora, Sofia!
Com dificuldade, Sofia saiu da banheira. Procurou uma toalha, embrulhou-se nela e fez o mesmo caminho que tinha feito no dia em que saiu daquela casa, sem olhar para trás, com as lágrimas a cair e com a esperança de ficar curada"

One-Shot Semanal por Cassandra Lovelace


maio 24, 2012

Extremos. Opostos. Eu.



Quente. Frio. 
Dia. Noite. 
Amor. Ódio.
Doçura. Agressividade.
Bem. Mal. 
Felicidade. Tristeza. 
Paixão. Nostalgia.
Verdade. Mentira.
Forte. Fraco.
Vitória. Derrota.
Glória. Desgraça.
Orgulho. Fracasso.
Sorriso. Lágrima. 
Tudo. Nada.
Início. Fim.
Extremos. Opostos. E eu balanço entre eles. Nenhum me satisfaz. Nenhum me desagrada. Completo-me entre eles. Não sei as leis, não detenho as regras, não conheço os meios termos. Não me dou pela metade. É o tudo ou nada.
A vida é cruel. Faz de nós o que não desejámos, tece por nós caminhos que não escolhemos. Atraiçoa-nos. Obriga-nos a crescer, a ser mais fortes, ensina-nos a sobreviver. Eu cresci sem achar o meu meio termo. Aprendi a lidar com o mundo utilizando ferramentas demasiado furtivas. A dar de mim aquilo que poucos esperam, a mostrar da minha pessoa aquilo que ninguém conhece. Navego entre o que sou e o que posso ser.
Sou fria, quando de mim o exigem. Sou fraca, quando de mim exigem o que não posso dar. Sou agressiva, quando a isso me obrigam. Pereço ao ódio, quando a tal me incitam. Diminuta em espírito, quando assim me fazem. Escuro coração, quando a luz não o pode atingir. Trevas, quando ninguém me atinge com a Luz necessária. Um fracasso, quando para mais não chego. Uma derrota, quando a batalha nada mais importa. Um nada, quando o tudo me é retirado. Um fim, quando nada mais vale a pena. 
Sou quem escolho ser? Quando assim o desejo. Quando a vontade me inunda e a força me preenche.
Serei o Sol. O Dia. A Oportunidade. A Glória. A Vitória. O Bem. O Sorriso. A Paixão. A Luta. A Verdade. Forte. Um Tudo. Um novo Recomeçar. Serei quem de  mim fizerem. Quem de mim pedirem. Quem de mim merecerem. 
Mas nunca serei um meio termo, pois esses, pouco me satisfazem. Será sempre o tudo ou nada. 

Vida. Morte..

Bree Emma Sommers,
Renegada às quintas  

maio 23, 2012

Por vezes não adianta ser boa pessoa.


Quão "bons" temos de ser para sermos considerados boas pessoas? Fazemos o possível para sermos bons, para sermos prestáveis, para ajudarmos em tudo o que é necessário, para no final levarmos com um balde de água fria em cima. O facto de tentarmos ser melhores já muda bastante coisa, mas quando não somos levados a sério de que adianta continuarmos a tentar? Não gosto de injustiças, nem que se aproveitem do bom senso das pessoas que querem ajudar os outros. Mas quando levamos apenas com as injustiças em cima, aprendemos a lição. Demora tempo por vezes a abrir os olhos, a perceber quem nos quer bem e quem nos quer mal. Mas não há nada que me magoe mais, do que ajudar alguém próximo e quando eu preciso de um ombro amigo, ninguém está lá.
A vossa Renegada às Quartas-feiras, frustrada.
RuthPacheco


maio 21, 2012

A Jaula

Sentia-me bestialmente leve. Tão leve que apostava que se uma breve brisa soprasse eu seria arrastado como uma pena. Sentia-me estranhamente bem. Não sentia as dores acutilantes que me faziam querer morrer assolar-me sem pedir permissão, não ouvia os passos inquietantes das pessoas ao longo do corredor infinito. Não ouvia os queixumes dos outros e eu próprio não tinha que me queixar. O cenário hediondo e decrépito tinha dado lugar a um cenário resplandecente. O sol brilhava tanto que ofuscava a minha visão. O vento leve e refrescante trespassava o meu corpo e sentia a planta dos meus pés fresca quando entrava em contacto com o solo meio húmido. Não tardei a correr. Sentia-me livre como um pássaro que esteve preso durante anos a fio e só me apetecia correr. Correr para o infinito sem pensar em destinos, problemas ou qualquer outra coisa que me costumava atormentar.
Cheguei a um imenso desfiladeiro onde o som de uma nascente a cair em catadupa se fazia ouvir. Um som suave, revitalizante que me queria fazer perpetuar aquele momento. Há anos que não me sentia tão livre de todos os meus problemas constantes. Há anos que vivia sob stress que me desconcertava e me fazia ser uma pessoa que eu próprio não conhecia. Há anos que me sentia um pássaro enjaulado sem esperança de me libertar. 
Ouvi uma voz. Estaquei, escutei e segui o meu instinto e cheguei a uma clareira. A voz sussurrou o meu nome levemente. 
Liam. Liam. Liam., sussurrava levemente a voz sumptuosa feminina.
Instintivamente continuei a segui-la até que a voz ia sendo inexoravelmente revezada por uma voz semelhante à dos filmes de terror. Comandei o meu cérebro a recuar, mas ele executava a ordem contrária e a outrora luminosidade foi abruptamente substituída por um cenário apocalíptico, onde grandes labaredas se elevavam mesmo à minha frente, assemelhando-se ao Inferno na Terra. Recuei o mais que pude, mas elas iam crescendo cada vez mais, encurralando-me. Enjaulando-me novamente. De repente, uma fagulha caiu nas minhas calças de ganga e comecei a pegar fogo. Corri desalmadamente aos gritos, pedindo por auxílio mesmo quando sabia que ele nunca viria. Clamei por ajuda mesmo sabendo que estava sozinho e que era um pássaro destinado a morrer sozinho.
Aturdido, com o corpo em combustão e a sentir a minha carne derreter-se como se eu fosse plástico, corri até ao desfiladeiro. Não hesitei. As dores eram dilacerantes e nada seria tão mau como estar a arder. Dei um passo em frente.
Acordei com uma agonizante dor no peito. Ardia-me como se estivesse em combustão. Descerrei as minhas pálpebras e deparei-me com o mesmo cenário de há um ano: o mesmo quarto de hospital cinzento, sem vida, sem qualquer alma viva por perto e... enjaulado para o resto da vida. 

Hayley Logan, One Shot Semanal

maio 15, 2012

Porque nem todos são iguais

Às vezes acho que há uma conceção muito errada sobre os estudantes. Não é por andarmos a estudar que vamos ter emprego na nossa área. Não é por nos esforçarmos mais que outros que vamos conseguir ter um emprego melhor que outro. Tudo isto é muito subjetivo, mas a maioria dos professores, nesta altura do campeonato, dizem-nos que estamos demasiado alegres para quem vai ter exames e que com uma pequena distração estamos aptos para ir trabalhar numa caixa de supermercado. Eu questiono-me: há alguma indignidade em trabalhar numa caixa de supermercado? Obviamente que não é o emprego de sonho de um licenciado, mas dadas as circunstâncias em que estamos, eu diria que até era uma benção encontrar um emprego nem que fosse numa caixa de supermercado! Pessoalmente, não me importaria até porque não era isso que iria afetar aquilo que eu realmente sei a nível de conhecimentos. Poderia afetar a minha auto-estima, mas do meu ponto de vista é muito pior não ter emprego.
Isto irrita-me, de certa forma porque se fossemos todos sisudos diriam que levávamos as coisas muito a sério. Para além do mais, qual o mal de nos rirmos? Vamos chorar só porque temos exames nacionais? A vida não é só feita de escola como também não é só feita de diversão. Temos de viver no meio termo e não andar a chorar pelos cantos! Não somos macambúzios! Necessitamos dos nossos momentos de diversão e para além do mais nós somos adolescentes que precisam de viver a vida nos limites. Não é tornar-nos infelizes que nos irá fazer estudar, por exemplo. Apenas não sofremos assim tanto por antecipação e não vejo mal nenhum nisso se formos competentes e estudarmos dentro dos limites. 

Hayley Logan, A Renegada das Terças

maio 11, 2012

Dia da Defesa Nacional e Patriotismo

Antes de avançar sobre uma descrição deste dia que passei, para os seguidores do blogue que não são de Portugal, o Dia da Defesa Nacional é o dia em que os jovens após os 18 anos se deslocam à Unidade Militar em que estão inseridos e passam um dia nas instalações a receber informações sobre as Forças Armadas. Este dia foi criado porque o Serviço Militar obrigatório foi eliminado da nossa Constituição.
Acordei cedo e tive uma viagem de uma hora. Assistimos ao hastear da bandeira e o grupo de pessoal que foi comigo até se portou bem. Normalmente, por causa da corneta antes do Hino Nacional há pessoal engraçadinho que desata a rir.. Eu acho isto uma falta de respeito enorme. Falta de respeito pelo nosso Hino, pelo nosso País e pelas pessoas que o defende e se põem na frente de combate pelo nosso País. Foram apenas 5 minutos de silêncio.
De seguida, fomos levados a um auditório. Na parte da manhã, explicaram-nos o que estávamos ali a fazer, explicaram-nos o que é as Forças Armadas, os vários ramos que têm e interagiram connosco. A uma certa altura da conversa, perguntaram-nos se sentíamos orgulho pelo nosso país... Confesso que hesitei mas após reflexão acabei por responder afirmativamente e como expliquei lá as minhas razões, vou explicar aqui também as razões pela qual devemos orgulharmos-nos do nosso País.
A primeira coisa que decerto vos veio à cabeça, foi o quanto fomos bem-sucedidos no passado. Os Descobrimentos foram o ponto alto da História de Portugal mas pacíficos como somos deixamos escapar território que se hoje o possuíssemos, não estaríamos nesta mísera situação. A nossa cultura e gastronomia é algo do qual nos podemos gabar porque cada estrangeiro que entra em Portugal saí daqui a adorar a comida portuguesa ... Nisso, de facto somos realmente bons mas não sabemos aproveitar o que temos de melhor.. Como também o Vinho do Porto! O nosso Património Histórico é algo de belo. Temos monumentos lindos criados pelos nossos Reis. Se formos a analisar a história de Portugal, somos dos países mais pacíficos... Não criámos conflitos e nunca desencadeámos uma guerra. Sempre que acabámos por ir a guerra foi porque fomos arrastados, infelizmente. Agora, vocês devem estar a pensar, 'Sim, no passado mas e agora?' e eu respondo, dizendo que apesar da crise que estamos a passar, apesar dos nossos bolsos vazios eu continuo a ter orgulho em Portugal pela música que fazemos, pelo Fado que é nosso e pelas pessoas que saem daqui e singram lá fora! Fazem uso do Curso que tiraram aqui, nas melhores Universidades. Só não ficam cá porque Portugal  não têm como nos dar emprego em áreas cientificas e tecnológicas. Estamos bastante atrasados em relação aos EUA, Japão e por aí ... Mas acreditem que podíamos estar MUITO pior! Podíamos ser gémeos da Grécia. Podíamos ser umas dessas cidades de África ou até mesmo um dos bairros pobres da China! Arrastamos-nos aqui, trabalhamos imenso para ter uma reforma aos 65 mas há pessoas que nada têm! Os portugueses só reclamam! É só blablablablabla mas na hora de votar para mudar lá o pessoal da Assembleia da República e do Governo ficam sentados no sofá, com a cervejinha fresca a ver o Cristiano Ronaldo a ganhar milhões a cada jogo do Real Madrid! Este ano, fiz os 18 anos uma semana antes das eleições ... Eu não fiquei em casa! Fui exercer o meu direito e dever de voto. Analisei com antecedência cada candidato e escolhi votar no que achava que se enquadrava melhor e que dizia o que eu acho que deve ser feito por Portugal!
A seguir, foi nos perguntado se daríamos a vida pelo nosso País e eu respondi que sim, ao qual nos foi dito que ninguém deveria dar a vida mas sim lutar por ela porque nós, mortos não servimos para nada! Não ajudamos a mudar nada pois só ficamos mortos. Devemos lutar pelo nosso País.
Este foi um dos pontos altos da palestra. A nossa presença na sociedade como cidadãos, os deveres e direitos que possuímos.
Outro dos pontos altos, foi ver o vencimento que aqueles gajos ganham mas também não admira. Eles quase que se matam ali. E era bem capaz de me meter lá mas metia-me lá e era para ser a sério.. Não seria para fazer 6 anos de contrato e depois dar à sola mas sim, ser militar até à reforma. Atingir os postos altos das Forças Armadas, seja na Marinha, no Exército ou na Força Aérea.
Outro ponto alto e nada menos importante, é ver que alguns deles são bons como tudo! A farda assenta-lhes ali que nem uma luva, salienta-lhe o rabo e dá-lhes um ar badass que eu amo e acho demasiado sexy.
Creio que quem ainda não foi a este dia, vai gostar! Basta ir com uma mente aberta. E vão ver que o dia irá passar rapidamente e quando derem por ela já estão a comer o lanche à pala deles! E por hoje, é tudo camaradas.

Cassandra Lovelace, a renegada das sextas 
Com o patriotismo a níveis nunca antes atingidos

maio 10, 2012

Desatino.



Vem, vem aportar-me o dedo. Vem, vem dizer-me que não sou quem esperavas, que não cresci como desejavas. Vem, diz-me que não dou valor ao que devo. Anda, de que estás à espera? Espeta-me na cara que não me interesso por aquilo que tu achas relevante! Acusa-me de fugir às tuas regras, proíbe-me de agir segundo as minhas convicções! Afirma a minha arrogância e evidência as minhas falhas. Vem! Não sei porque aguardas! Estou aqui, sempre estive. Enclausurada entre estas quatro paredes, cercada por este negro acolhedor. Anda, estende a tua mão e desfere sobre mim a chapada de acusações que há tanto guardas para ti.
Eu sei. Sei de tudo. Sei que não serei quem tu querias, sei que não marcarei as passadas que delineaste para mim. Perfeita? Desisti de ser. A perfeição é algo que não existe de modo geral. É algo que reside no olhar de cada um, algo que apenas corações singulares podem suportar do seu próprio jeito. Talvez o teu olhar só indique imperfeição quando sou eu a protagonizar no teu ângulo de visão. Talvez os meus defeitos sobressaíam demais. Ou talvez não saibas apenas dar valor àquilo em que me tornei. Não sou o que tu desejavas, não é? Não me vou esforçar mais. O teu olhar denuncia o que pretendes esconder. O desespero. A incompreensão. Mas acima de tudo: a desilusão.
Eu sei. Sei que por cada passo que dê, tu vais achar uma pedra fora do sítio. Sei que por cada opção que tome, tu vais preferir os mil caminhos que deixei por escolher. Sei que em cada esforço que faça, tu irás forçar-me a duplicar a dor. Sei que por cada medo que me assole, irás tentar confrontar-me sempre com ele, vais fazer-me temer. Sei que a cada nova vitória, irás procurar achar as falhas do percurso. Sei que não mudará. Sei que será assim até ao fim.
Vem. Torna a acusar-me de ser insensível, de não ligar aos que me rodeiam. Acusa-me de não estabelecer contacto com quem me quer bem. Aponta o dedo ao meu passado escuro. Diz que falhei. Que sou um fracasso. Vá, diz! Foi o que sempre quiseste, apenas o guardaste para ti. Não sigo o protótipo que desejas. Lamento. 
Dizes que não me preocupo, que não me interesso, que só ligo ao que desejo. Afirmas que fui um erro. Proclamas o ódio por ser quem sou. Desculpa por não ser o que desejas, mas tornei-me naquilo que de mim fizeste: imperfeita. Como todos, como nenhum. Como eu. Apenas eu.

Bree Emma Sommers, 
à quinta :)

maio 08, 2012

Uma questão de boa educação

Acho que há determinadas formas de fazer as coisas e aquilo que fazemos para os outros deve ser feito com educação e não às quatro pancadas. Eu sei que custa e muitas vezes é-nos mais fácil não fazer as coisas ou fazê-las menos bem por ocupar menos tempo e a gestão de tempo cabe a cada um. Não obstante, há coisas que eu não percebo. Há pessoas que têm tempo de ir para não sei onde, de irem passear e não têm tempo de estar com alguém. Outros que possuem o mural do Facebook atualizadíssimo e não têm tempo para fazer outras coisas. Volto a repetir: a gestão daquilo que faz depende apenas do indivíduo. Porém, quando a situação se reverte as pessoas não gostam, mas não pensam naquilo que fizeram, ou melhor, não fizeram. 
Não era exatamente aqui que eu queria chegar... Há já imenso tempo que me tenho deparado com os movimentos: segue-me que eu sigo de volta e o eu quero ser lido(a) e não quero ler. Está bem, tudo bem. Façam o que quiserem e o que bem entenderem e aposto que a minha opinião pouco vos interessa, mas eu acho uma falta de educação fazer isso. Primeiro, isso de seguir que sigo de volta apenas serve para aumentar números, o que não quer dizer que as pessoas vos leiam. É verdade. Mais de metade das pessoas que vocês têm não põe os pés no vosso blog! Não é isso que vai aumentar os vossos comentários, se calhar! São só meros números que provocam ilusões. Depois há comentários de algum tipo que eu percebo que não queiram ler, mas também se não querem ler não se ponham a comentar coisas que nada têm que ver com o post ou então pedidos de votos em concurso. Mas vocês acham isto normal? Eu não acho nada normal! Se fosse nos vossos blogs aposto que não iriam gostar nada de terem dispendido tempo a criar um post e depois verem-se comentados com coisas que nada têm que ver com o post. Eu acho que é uma questão de bom senso e educação. Eu quando vou a um blog digno-me de comentar o post e depois faço o meu aviso ou o que tenho a dizer. Não chego lá com um copy & paste e "chapo"! Há que ter educação e não por isto ser um mundo virtual que se pode fazer o que quer e bem entende! Eu lamento que tenham perdido por não ter votado em vocês ou por não vos ter seguido, mas eu funciono com boas maneiras e não é por comentarem com links que eu vou ver. Lamento, mas se tivessem sido educados eu poderia ter-vos ajudado.

Hayley Logan, a Renegada das Terças! ^^

maio 07, 2012

Histórias de fantasmas, histórias (não) contadas

Nota: 
Nós, renegadas em conversa decidimos por vezes, convidar alguém para escrever neste espaço às Segundas-feiras. E será do critério da pessoa convidada, o que decida escrever. 
Chris, inaugurou esta nossa ideia que esperemos que seja de agrado a todos os seguidores. 
Em nome de todas, boa noite de Segunda-feira em companhia deste texto sobre a veracidade do escritor em suas obras de arte ;)



Certa vez eu li um escritor que afirmou: “Todo escritor é um mentiroso”. Por alguns momentos eu me foquei naquela frase me perguntando o que ele queria dizer.
Como escritor e blogueiro, procurei entender que fosse uma mensagem subliminar, por criarmos personagens, cenários e diálogos, alguns fantásticos, outros aparentemente mais realistas, contanto, de ficção. Uma ficção que por muitas vezes, atrevo-me a dizer a maioria, baseada em fatos reais. Sejam do autor ou de outros, isto é o que menos importa.
Porém, na visão de leitor de diversos blogues pessoais, acabei por discordar.
Eu considero a maioria dos blogueiros, escritores de algum modo. Cada qual tem o seu modo, alguns expressam-se através de poemas, outros de contos, crônicas e muitos transformam seus blogues verdadeiros diários pessoais.
Ao ler desabafos, relatos de vida contados detalhadamente, como leitor, eu me sentiria indigno e até mesmo envergonhado de comentá-los ou visitar os espaços que escolheram para se expressar, com a “afirmativa” (que seria somente especulação, visto que não convivo com os tais) de que todos ali são mentirosos.
O ser humano sempre teve a necessidade de se expressar, se não fosse assim, não existiria nenhum tipo de arte, entretanto, todo o ser humano também tem a necessidade de mentir, seja por carência, para chamar a atenção, uma fuga da realidade ou simplesmente um vício.
Eu posso ser um mentiroso, este escritor que afirmou com tanta convicção também pode ser (pode ser) um mentiroso, todos os autores de livros e blogues que leio podem ser mentirosos. Você que lê este texto também, todos o somos em alguns momentos e acredito que, pior do que ser mentiroso é ser um especulador, um investigador da vida alheia.
Se eu leio um desabafo em um blogue, nem me passa a mente que não exista veracidade no texto, apenas quando o mesmo deixa sombra de dúvidas e, se não for algo que possa causar constrangimento a quem escreveu, eu pergunto, se posssível EM OFF, para não dar um fora em meu comentário.
Não cabe a mim, não cabe a você, não cabe a ninguém ficar procurando “cabelo em ovo” no texto de um autor. Ele é dono do texto e só ele tem a certeza do que existe em seu interior e o que achou que era devido exteriorizar. Ou criar, tanto faz, o mais importante e que muitos deixam de lado, pela pequenez de suas almas, o foco principal: absorver o que o autor quer transmitir. Verídico ou não, o autor está ao menos tentando transmitir uma mensagem e esta é real, enquanto o investigador está em uma tarefa inútil e diria até sórdida.
Eu não entendo as razões de muitos que estão por aqui quando leio certos comentários na blogosfera, eu tento entender as minhas. O escritor ou o blogueiro está aqui para entreter as pessoas, para ajudar algumas a enxergar ou fugir da realidade (em meu ponto de vista isto é o suficiente para que sejam respeitados) e, por vezes, eu também escrevo para que alguns me ajudem a enxergar e também como fuga da realidade.
O problema é que os que costumam escrever, por mais que se esforcem, acabam vindo de encontro as suas realidades e, quando as percebem, em algumas ocasiões é tarde demais e já está publicado. E talvez, este escritor que afirma que todo escritor é mentiroso, fez esta afirmativa para despistar o leitor, porque talvez o que escreva seja muito real. E mentindo deste modo, estaria desviando a atenção da veracidade de seus escritos. E vejam bem, estou supondo, não especulando, a vida pessoal do autor não me diz respeito, apenas achei intrigante tal afirmação.
Acredito que o fascinante da escrita esta nesta ambiguidade, de não termos certeza do que é ou não ficção. Eu costumo falar por mim, que é muito difícil escrever seja um conto, uma crônica, uma novela, que não tenha um embasamento da vida real, minha ou de pessoas que conheci, mas afirmar isto pode ser também uma grande mentira. Ninguém garante. Muitos possuem a teoria que, se alguém fala ou escreve muito sobre determinado assunto, é porque este o incomoda.
Estou escrevendo agora, aparentemente (porque está claro que a paranóia do ficcional sempre irá perseguir a muitos), com honestidade o meu método de escrever. E sinto que talvez por esta razão eu não tenha talento para poetizar ou para escrever literatura fantástica. Minha incapacidade de sair da realidade é fora do normal. E muitos que me lêem sentem isto, dizem que alguns personagens que crio parecem comigo.
Seria eu uma grande mentira? É possível. Isto faria de mim alguém muito mais talentoso do que eu acredito ser, sem modéstia, porque a modéstia é a coisa mais falsa que existe, é súplica pra quem quer ganhar confete.
Minha mente é um local semelhante ao seriado American Horror Story, repleto de fantasmas. Fantasmas dos quais eu fugi, fantasmas os quais enfrentei e os quais ainda insistem em me atormentar e eu ainda fujo.
Ou tento.
Fantasmas que, por vezes, sem a minha permissão, aleatoriamente saltam aos meus escritos e quando me dou conta, é tarde demais. E estes se manifestam, como em um centro espírita, em alguns de meus contos ou livros.
Escrever crônicas é mais fácil, apenas damos uma opinião sobre um determinado assunto e sem perceber, acreditando que estamos sendo tão impessoais, há sempre alguém com maior sensibilidade que “nos pegam” e percebem muito de nossa personalidade.
Eu me considero um pouco narcisista quando se trata de assuntos pessoais, não me sinto muito a vontade em criar posts como tantos que vejo por aí onde o autor escreve aberta e detalhadamente sobre suas vidas, suas experiências, seus amores, paixões, família... Houve ocasiões que foram inevitáveis não partir para o pessoal, sempre com cuidado, mas não me sinto a vontade e sinto até um pouco de pânico quando dizem que serei entrevistado.
Contudo, sei que este narcisismo não pode ser absoluto, porque eu estaria traindo a minha própria teoria de que todo autor, por mais que escreva literatura fantástica, sempre extrai algo de si, de sua vida, da vida de alguém com quem conviveu para formar seus escritos... O mundo, a vida, os traumas e tristezas, principalmente estes últimos, servem de grande inspiração.
Uma coisa eu tenho certeza, muitos dos meus fantasmas podem estar presentes em meus escritos, mas muitas histórias de alguns deles nunca serão contadas. Ficarão ocultas até mesmo do papel, em algum lugar obscuro da minha mente.
E quem pensa que tudo é uma mentira, talvez esteja vivendo dentro de uma.
E talvez, todo este texto seja uma mentira. 

Christian V. Louis do blogue Escritos Lisérgicos

maio 05, 2012

Tempo

Pensavam vocês que vinha aqui fazer um texto todo pipoca sobre a perda de tempo, a efemeridade do tempo, o quanto devemos aproveitar, o quanto não nos devemos arrepender, o quanto devemos fazer tudo a tempo e horas ... Até podia mas não seria a mesma coisa!
Venho mesmo falar de tempo do tempo da meteorologia. No tempo não muito distante, eu lembro-me de usar sapatilhas, jeans, uma t-shirt e um casaquinho de nada por esta altura mas parece que acharam que isso estava já muito batido e deram um toque ao S.Pedro para mandar a chuva. Desculpa lá mas vens atrasadinho! O pessoal a acabar Abril e a pensar, 'ah, as águas mil já se foram, está na hora de andar de t-shirt!'. Porra, Santo! Estragaste-me os planos e depois a mami chama-me louca por andar a comprar vestinhos nesta altura de chuva intensa porque bem, a colecção saiu à pouco, né!? Eu sei que não estou enganada. Estava já em processo de tirar a roupa fresquinha da arca quando de repente, tive que voltar às malhas, às meias quentes, aos lençóis de flanela, ao casaco quente e às botas! Não esqueçamos as botas, fazem toda a diferença. É a linha entre os pés secos e molhados.
Na verdade, eu quero o calor. Quero acabar os exames, vestir um bikini e praia. Muita praia! Tenho saudades do meu bronze, da roupa mínima e das noites de Verão. O meu tempo de inverno já passou. E assim, vos deixo a minha reclamação ao S.Pedro!

Post escrito ontem e publicado hoje.
A das sextas, Cas com saudades do Verão!

maio 03, 2012

Liberdade: Até onde?



Liberdade: até onde?
Até onde a Humanidade dita. Até onde os nossos direitos imperam e os nossos deveres interrompem. Há um limite. Uma linha ténue que atravessa aquilo que a liberdade nos traz. Aquilo que podemos fazer, do que não podemos, ou simplesmente, daquilo que não devemos. A nossa liberdade tem fim onde se inicia a do próximo. Onde a vida, os direitos e o poder do outro têm começo. Que mundo seria este se todos transpuséssemos esta linha tão ínfima? Se nos prestássemos a levar avante todas e qualquer vontade que cogitasse no nosso âmago, não ligando aos demais, às suas vidas? Que consequências daí iriam advir? Já alguém se terá perguntado acerca disso?
O ser humano é imperfeito, cruel, estúpido e vil. É uma certeza que cresce em mim diariamente. Mas ainda assim.. O ser humano não se pode comportar como bem entende, rompendo as regras, desafiando as leis, testando os demais. Há que saber construir uma sociedade livre mas regrada. É algo necessário para que possamos fazer a diferença entre a selva e a civilização. Por vezes, a própria comunidade nos põe um travão, impedindo-nos de prosseguir os nossos atos, de perseguir os nossos sonhos. Mas será isso saudável para a Humanidade? Não concordo. Qualquer pessoa que seja privada pela sociedade de exibir orientação sexual, religião, etnia ou até mesmo um mero capricho de adolescente, assim que apanha uma pequena oportunidade, dá azo à libertinagem, no seu contexto mais real, ultrapassando limites perigosos, derrubando barreiras vitais.
É importante que haja um certo grau de liberdade hoje em dia. Um certo espaço de manobra, principalmente na comunidade jovem, para que desde cedo se possa aprender a não passar dos limites.
Mas fazemos parte de uma sociedade hipócrita, vingativa, exorbitante, extravagante, onde todos se procuram exibir, onde todos procuram usufruir de uma maior liberdade, nem que isso implique quebrar a linha ténue que nos separa do próximo, que separa o que devemos ou não fazer. Mentes consumidas pela necessidade de consumo, gastas com a pressão da diferença.
Até onde poderá navegar a nossa liberdade? Até onde as regras ditarem e os limites cessarem. Até onde o próximo pode usufruir de algo que é de todos. A liberdade.
Agir? Claro. Mas com contenção. Com pureza. Segundo os nossos direitos, com firme pé nos nossos deveres. Sem nunca atrapalhar os restantes habitantes deste Universo.

Bree Emma Sommers, 
mais uma quinta :)

maio 01, 2012

Devaneios

Há uns dias atrás eu e as minhas amigas estávamos a vaticinar o nosso futuro até que chegamos à belíssima conclusão que não incluímos namorado ou marido na nossa previsão. Posteriormente passou um "casal" que deveriam ter uns doze anos se tinham e eu lancei a pergunta se eu é que era parva e troglodita ou se realmente não acho ninguém interessante ao ponto de me cativar. Chegamos à conclusão que se calhar o problema não era propriamente nosso e que se calhar somos demasiado conscientes e, vendo bem, pelo menos daquilo que eu vejo, miuditos de onze ou doze anos começam a namorar e passado semanas já estão noutra! Nada contra e não estou a questionar o amor que nutrem um pelo outro, mas eu quando tinha pretendentes no quinto ou sexto ano, eu nunca aceitava os seus pedidos de namoro porque eu achava uma chachada de todo o tamanho fingir um sentimento e eu tinha a mesma idade que este miuditos. Atualmente é igual. Não é por alguém nutrir de sentimentos por mim que eu vou na lengalenga. Eu necessito de estabilidade como tudo na natureza e precipitações são uma arma mortífera para mim. Caminho andado para alimentarem o meu génio contraditório. O que me choca é que as pessoas mais velhas digam que esta mocidade só pensa em sexo, namorados e festas. Da minha parte é mentira. Eu não quero um namorado e não vou mentir que custa dizer que não a uma pessoa, mas lá por muita gente ser assim não podemos generalizar, senão somos todos uns filhos da mãe e uns aldrabões! Não vou mentir a dizer que amei alguém porque eu nunca amei ninguém e creio que seja por eu ter objetivos ou por conhecer as pessoas erradas. Para além do mais, eu acho que nunca me habituaria a ter alguém pela simples razão de eu ser das pessoas mais individualistas que conheço. (Isto não é ironia. Eu sou mesmo individualista até dizer chega) Estou habituada ao meu canto, a fazer as minhas coisas à minha maneira, a não pedir opinião... e tudo mudaria. Eu sei que posso ter uma concepção errada e é provável que sim, mas sabem que eu sou inexperiente. Portanto, expressem-se quanto à vossa vivência neste caso! 

Hayley Logan, a Renegada das Terças

Demented Mind






Passei a língua pelos lábios desidratados e o agoniante sabor dos fármacos surgiu novamente. O súbito nó que se formou no meu estômago, quase fez com que vomitasse pela quinta vez naquela manhã. Mas ninguém queria saber. Não… Ninguém queria saber. 

«Como te sentes hoje Kaya? Voltei, como vês.»

Promessas quebradas… Meras palavras sem qualquer significado. De que me serviam se não me tiravam do estado lastimável em que me encontrava? Nada nem ninguém me poderia ajudar.

«Louca, tu és louca!»

Eu não sou louca. Eu nunca fui louca. Porque é que as pessoas continuam a chamar-me assim? A culpa não foi minha… Olhei em volta novamente, e tudo o que conseguia ver era branco e mais branco. Era um paraíso um pouco diferente do que imaginara. Ou talvez não fosse o paraíso. Levantei-me da cama igualmente branca e senti uma tontura assim que me sentei, o que fez com que me agarrasse à cama em si. Mantive o equilíbrio e retomei a postura. Forcei as pálpebras cansadas e observei o branco. Havia tanto branco que me cansava ainda mais a vista. Contraí os maxilares e cerrei os punhos com força. Arranquei a agulha que estava espetada no meu braço e o sangue surgiu quase como instantaneamente. Pressionei o pequeno orifício com os dedos para estancar o sangue. Não demorou muito até parar. Os meus braços estavam pálidos e sentia um tremor nos meus joelhos sempre que tentava dar um passo. Cambaleava para a frente e para trás, e apesar de não me sentir cem por cento saudável, não me ia deitar de novo. De qualquer das maneiras, não era saudável. Memórias assolavam a minha mente dolorosamente e só queria que parassem. Não existia nada naquela imensidão branca e desconfortável para a vista. Nem uma única janela, por onde pudesse ver o céu. Já não via o Sol há tanto tempo… 
Nesse instante a porta abriu-se e Duncan entrou com um sorriso esboçado. Parecia feliz e trazia uma pequena mala preta. 

- Como te sentes hoje Kaya? Voltei, como vês. – Abraçou-me com força afagando-me as costas. 
- Normal… Não sei. – Suspirei sentindo-me cansada. Cada suspiro era uma dor no peito.

Ele sorriu novamente. Porém hoje não me apetecia sorrir, nem abraçá-lo como ele fazia de todas as vezes que me visitava. Sentia-me apática, sem vontade de o abraçar e de ficar feliz quando ele me visitava. Contudo nunca me deixava sozinha.

«Não importa o que acontecer, eu vou estar sempre contigo. Porque é o que os irmãos fazem.»

Caminhei lentamente para a cama, e recostei-me nela enquanto Duncan por sua vez, sentou-se aos pés da cama. 

- Como está o tempo? - Perguntei-lhe, à medida que entrelaçava os dedos. 
- Quente, muito quente. Está bom para ir dar uns mergulhos à lagoa. 
- Claro… A lagoa… 
- Desculpa por não te poder levar.  - Lamentou-se. Cerrei os olhos com força, e deixei que uma lágrima escapasse. 
- Conta-me a história de novo… 
- Tens a certeza? – Ele acomodou-se na cama e comprimiu os lábios. Acenei afirmativamente com a cabeça e então Duncan começou. Fechei os olhos e relembrei aquela tarde de Verão. 
- Tudo começou naquela tarde de Verão quando… 

[flashback]

… Estávamos a brincar ao pé da lagoa. Lembro-me perfeitamente que Duncan queria ir nadar, apesar de não poder porque não sabia. Nunca entrávamos na água sem o nosso pai ou a nossa madrasta por perto. 

- Kaya! Anda comigo para a água, vá lá! – Dunc voltou a insistir. Estava tão bem a apanhar banhos de sol.
- Não Dunc, não me apetece. – Respondi-lhe num tom infantil. - Sabes bem que não consegues nadar.
- Consigo sim, a Hahn ensinou-me. Anda lá! 
- Não Dunc, não quero. E tu não vais, estou responsável por ti. 
- Vou na mesma. 

Dito isto, tive apenas tempo para ouvir um grande splash na água e levantei-me num ápice. Não conseguia vê-lo em lado nenhum apenas as pequenas bolhas que surgiram para onde ele tinha saltado. Subitamente, consegui ouvir a sua gargalhada trocista. Ao vê-lo, foi como se vinte quilos saíssem dos meus ombros. 

- Estás parvo?! Saí daí Dunc! 
- Estou a ir, estou a ir. 

Riu-se descontraidamente, mas eu não estava tão segura. Parou a meio da lagoa e bracejou. 

- Kaya… Kaya! Ajuda-me!
- Claro, não vou cair nessa. Sai já daí Dunc, estou-me a passar contigo.
- Ajuda-me! Tenho o pé preso, não estou a brincar! Ajuda-me!

Olhei-o desesperada, a ser engolido pela água da lagoa. Entrei em pânico, e olhei-o sem saber o que fazer. 

- O que é que eu faço?! – Peguei num ramo que vi perto das rochas e corri. Estiquei-me para chegar perto de Dunc e este agarrou-o. Mas de que adiantava se ele estava com o pé preso? – Consegues mexer o pé? 
- Acho que não. Não consigo tirar o pé, ajuda-me Kaya por favor!
- Eu vou chamar a Hahn! 
- Não, não me deixes aqui por favor! 
- Duncan, eu volto para te buscar, prometo. 

Ele olhou-me alarmado, ripostando contra as águas calmas da lagoa. Ele estava a causar a turbulência na água e com o pé preso ainda pior. Mas não lhe podia pedir para ter calma. Corri pelas rochas e entrei em casa a correr.

- Hahn! Hahn onde está? O meu irmão precisa de nós! -Percorri as divisões todas da casa até que a vi na cozinha a preparar o almoço. - Hahn! Por favor Hahn, o Dunc está preso na lagoa e não consegue sair. 
- O quê?!
Ela gritou e pegou no telemóvel enquanto marcava o número das urgências. Correu atrás de mim, pelas rochas enquanto falava. Corri até à lagoa, por ser muito mais rápido que ela mas não o avistei. Assim que me aproximei a sua mão inanimada estava a afundar-se. Puxei-a e o seu rosto mal vinha à superfície. 

- Dncan! Não me deixes … Não me podes fazer isto! - Tarde demais. Um tom pálido invadia o seu rosto e os seus olhos estavam abertos. Desfiz-me em lágrimas e pensei porque é que isto tinha de me acontecer…
- Não! – Hahn gritou ao ver que largara a sua mão. – Sua assassina! Mataste o teu irmão! 

Foi como se uma faca me cortasse o coração aos pedaços. Eu não era uma assassina. Eu não era uma… assassina.
No funeral de chovia imenso. As minhas lágrimas confundiam-se com as gotas da chuva. Hahn olhava-me com ódio enquanto o meu pai lhe afagava os ombros. Ela sempre adorou o Duncan. Via-o como um filho, mas a mim não. Os dias passavam lentamente sem a presença dele pela casa. Sentia-me vazia. Um aperto na minha garganta impedia-me de respirar e chorava como se não existisse amanhã. 

«Sua assassina! Mataste o teu irmão!»

Nessa noite, desci em pés de lã até à cozinha e peguei numa das facas grandes com que Hahn fazia o almoço. O meu pai não dormira em casa naquela noite, devido aos negócios. Hahn estava sozinha no quarto e abri a porta lentamente. Dormia serenamente, coisa que eu não conseguia fazer desde a morte do meu irmãozinho.  Ela acordou e só teve tempo de sentir a faca cortar o seu peito. 


[/flashback]

- Eu prometi que voltava… Mas prometer não foi o suficiente pois não? - Olhei em volta mas ele já não estava lá. - Desculpa maninho… Eu falhei. 

Uma enfermeira entrou e observei-a.

- Bom dia. Como se sente hoje? Melhor? 
- Curioso… Já me fizeram essa pergunta hoje. Onde é que eu estou? 
- Internada… Num hospício. 
– A jovem falou. Parecia estar habituada. 
- Porque é que eu estou aqui? – Senti-me confusa.
- O seu pai internou-a…
- Sou uma assassina não sou? Matei o meu irmão e a minha madrasta num dia… 
- Bem, vamos tomar a medicação de hoje. – Ela mudou de assunto.
- Responda-me. – Pedi-lhe com prontidão. 
- Sim… Foi isso. 
- Já sabia. Só precisava de confirmar… 

E assim, Kaya levou uma injecção que a faria adormecer por mais 12h. Kaya Elfman era uma doente paranoica e culpava-se pela morte do seu irmão. E ali limitar-se-ia a viver de recordações, até ao fim dos seus dias. 

One-shot semanal.
RuthPacheco.